terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Nova Gestação - Parte 3

No dia seguinte (outra noite em claro, só para constar), veio um médico da equipe de alto risco falar que estavam estudando meu caso. Fiquei louca! Eu não podia esperar que estudassem meu caso eternamente. Eles precisavam me dar uma posição e tinha que ser naquele dia porque minha filha estava em um ambiente seco e teria problemas pulmonares graves (pelo menos era o que sempre me disseram). Fiz um escândalo e pedi minha alta. Me arrumei e arrumei minhas coisas, liguei para o Hospital das Clínicas e me disseram que eu poderia ir lá que mesmo sem cartão do SUS eles me atenderiam.  

Enquanto aguardava a alta, vieram os coordenadores da equipe de alto risco e me disseram que a Maria já tinha hipoplasia pulmonar (má formação do pulmão) e que o que eu queria evitar já tinha ocorrido. Então era melhor manter ela aqui dentro para ela crescer e engordar. Para me convencer, me pediriam dois exames, uma ultrassom 3D e um ressonância magnética. Eles marcariam e me dariam alta para que eu pudesse fazer os exames. 

Esperei então. Queria mesmo fazer esses exames para saber. Chorei muito. Eu queria tanto que tudo desse certo e nada dava. Não queria perder minha filha. 

No dia seguinte recebi alta. Não estava certa de que era a melhor decisão então fui direto para o Hospital das Clínicas. Mas não pude ser atendida pois,  ao contrário do que me foi informado por telefone, sem cartão do SUS não me atenderiam. Então, decidi ir para o Hospital Octaviano Neves. 

Mas na hora meu telefone toca. Uma médica da equipe de alto risco do Vila da Serra me disse que marcou a ultrassom 3D para o dia seguinte, sábado, às 9:00 horas. Como já eram 14:00 horas decidimos ir para casa e, se fosse o caso, após a ultrassom iríamos para o hospital. Aproveitei e fiz meu cartão do SUS. 

Chegando em casa, meu telefone toca. Era da clínica e estavam desmarcando o exame e remarcado para terça-feira.. Já teria se passado 1 semana sem líquido. Fiquei muito triste. Por que isso estava acontecendo? Tudo que tentei fazer deu errado. Todo meu caminho foi sendo desviado. Enfim, não tinha outro jeito, esperei. Aflita, aos prantos, com coração despedaçado e sem saber se conseguiria voltar a ter forças. As pessoas falavam que tudo ia dar certo e isso me dava muita raiva, esse otimismo exacerbado diante de uma situação tão delicada. Naquele momento eu queria alguém que chorasse comigo e não alguém que tentasse me por para cima, porque não seria possível fazer isso. Então, me afastei um pouco porque eu sei que as pessoas queriam me ajudar mas não estavam ajudando! 

Terça-feira chegou e fiz a ultrassom. O médico me disse que a hipoplasia pulmonar ocorre quando o líquido seca antes das 26 semanas. Que naquele momento o líquido ajudaria o pulmão a expandir, mas que essa falta de expansão era reversível. Disse que aparentemente o pulmão estava bom, com volume dentro da normalidade e que havia movimento respiratório. Fiquei muito feliz. 

Ufa, post já está enorme. Vou parar por aqui..Beijos


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Nova gestação - parte 2

Fiz a ultrassom com 27 semanas e o líquido se manteve no limite inferior do bom. Bem, não era uma boa notícia mas como não tinha diminuído fiquei bem feliz. Decidi fazer o book de gestante e foi um dia bem legal. O resultado foi incrivel, olha:




















Na semana seguinte, com 28 semanas de gestação, fiz outra ultrassom e o líquido tinha reduzido significativamente. Nesse dia meu mundo caiu. Chorei, revoltei, fiquei com muita raiva de Deus. Poxa vida, tive tanta fé de que daria certo e aí tudo começa a dar errado. Tomei injeção de corticoide e chorei.. Chorei por uns dias tentando entender a razão de tudo isso. E aí percebi que precisava fazer as pazes com Deus porque sem Ele era impossível para mim seguir em frente.

Já mais tranquila, com 28 semanas e 5 dias, fiz nova ultrassom e meu líquido não foi mensurado. Nesse dia parece que já sabia que isso ia acontecer, então coloquei meu plano em ação. Fui pra casa, fiz minha mala e fui para o Hospital Vila da Serra. Na minha cabeça a Maria Júlia ia nascer nesse dia, ia para a Utineo, não ia ter prejuízos pulmonares porque o líquido amniótico havia secado há pouquíssimo tempo e daria tudo certo.

Fui internada e mandaram iniciar o jejum. Minha cesária seria no dia seguinte quando surgiria uma vaga na uti neonatal. Confesso que não dormi. Tava certa que ia dar certo mas bem ansiosa pra ver dando tudo certo.

Então, deu TUDO errado. No dia seguinte à equipe de alto risco foi no meu quarto e disse que não faria o parto porque provavelmente a Maria tinha a doença do Rafael e não aguentaria naquela altura fazer diálise peritoneal. Então era melhor manter a gestação. Após muita conversa, o médico aceitou estudar meu caos e disse que no dia seguinte voltaria com respostas sobre sua conclusão. Fiquei 12 horas em jejum a toa. Mas tudo bem, desde que salvasse minha filha...

No próximo post continuo.. Beijos carinhosos

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Nova gestação - parte 1

Quanto tempo não venho aqui. Hoje entrei e assustei com o número de acessos. Com isso decidi voltar porque vejo que tem muita gente querendo saber o que aconteceu.

Eu engravidei em fevereiro. e dessa vez era uma menina, Maria Júlia Estava tudo bem. Fiz a ultrassom morfológica e confesso que não foi fácil. Ficamos procurando a doença o tempo todo e fiquei bem aflita. A boa notícia era que até aquele momento os rins estavam de tamanho normal, formato normal, sem visualização de cistos. Durante o exame a bexiga dela encheu, o que demonstrava que os rins estavam funcionando bem. O liquido amniótico estava normal também. Ou seja, até aquele momento, sem indícios da doença.

Como as ultrassons do Rafael não detectaram a doença fiquei muito insegura. Assim, pedi ao meu médico um acompanhamento mais de perto e começamos a fazer ultrassom de 3 em 3 semanas. Fui fazer a ultrassom para avaliar se estava tudo bem e as notícias não foram boas. Meu líquido diminuiu, estava no limite do seguro, se baixasse mais um pouco já teria risco para o bebê. Os rins da Maria Julia não tinham cistos visíveis e não estavam dilatados, mas estavam mais brancos que o normal no ultrassom e isso poderia ser indicativo da doença de acordo com o médico que fez a ultrassom.

Desespero tomou conta de mim. Não é possível meu Deus, que iria viver tudo de novo. 

Entrei em contato com algumas mães que tiveram o diagnóstico na gravidez e no caso delas os cistos eram visíveis. Um nefrologista pediátrico, dr. José Maria Penido se dispôs a avaliar a ultrassom para mim e me disse que ainda era cedo para afirmar que a Maria teria a doença. 

Começamos a fazer ultrassom semanais. Os rins mais esbranquiçados poderia sim indicar a presença de microcistos e como os rins são pequenos é difícil de ver na ultrassom obstétrica. Por isso começamos a acompanhar o desenvolvimento dos rins de perto para sabermos o que estava acontecendo.

Fiz repouso absoluto e tomei em torno de 5 litros de água por dia, as vezes um pouco mais, mas meu liquido não aumentou.

Vou para por aqui pois está ficando grande. Conto mais no próximo post. 

Beijos