segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Um pouco sobre a doença renal policistica autossômica recessiva

A doença renal policística autossômica recessiva (DRPAR) é uma forma frequentemente grave de doença renal cística pediátrica, que afeta os rins e o figado. Sua incidência é estimada em aproximadamente 1:20.000 nascidos vivos.

Todas as formas típicas da doença devem-se a mutações em um mesmo gene. A forma recessiva da doença policística é uma doença genética, transmitida por genes do pai e da mãe. Conforme já expliquei em post anterior, a mutação está no gene recessivo, que vou chamar aqui de i. Como eu não tenho a doença meu par de cromossomos é Ii (I é o gene dominante, sem mutação.. Como é dominante não permite que a doença se manifeste em mim). O Daniel tem a mesma combinação que eu: Ii. Quando um bebê é gerado, ele pega um gene da mãe e outro do pai. Assim, o Rafael pegou meu i e o i do Daniel. Mas existem ao todo 4 possibilidades de combinações : meu i e o i do Daniel = ii (bebê doente), meu i e o I do Daniel =iI (bebê sem doença mas com o gene), meu I e o i do Daniel = Ii (bebê sem doença mas com o gene) e meu I e o I do Daniel = II (bebê sem doença e sem o gene da doença. Considerando essas 4 combinações, tenho 25% de chances de ter um filho doente (ii).

A doença, em sua forma recessiva, pode ser diagnosticada intraútero, nos primeiros dias ou nos primeiros meses de vida, através da detecção de um aumento de ambos os rins pelo exame de ultrassom. Sua apresentação clínica, no entanto, é bastante variável, podendo ser identificada no período perinatal, infantil ou juvenil. No caso do Rafael, não foi detectado no útero. Após seu nascimento, os médicos sentiram duas massas grandes ao palpar a região em que ficam os rins e, após a ultrassom, a doença foi confirmada.

Oligoidrâmnio (diminuição do liquido amniótico durante a gestação) é um achado comum, devido ao baixo débito urinário fetal, e raramente é observado antes da 20ª semana de gestação. O meu liquido começou a diminuir na 29ª semana de gestação e quando completei a 30ª semana fiquei sem liquido nenhum, razão pela qual minha gestação foi interrompida.

Como resultado do oligoidrâmnio, os fetos afetados desenvolvem sequência de Potter, um fenótipo que compreende hipoplasia pulmonar (má formação do pulmão), fácies característica e deformidades das extremidades. O Rafael não teve deformações externas, contudo, seus pulmões não eram bem formados. O pulmão esquerdo, inclusive, era quase inexistente. Por isso, ele não conseguiu respirar sozinho. Acredito que as deformações na face e nas extremidades não ocorreu porque não fiquei muito tempo com o Rafael dentro da barriga sem liquido.

Cerca de 30% dos neonatos acometidos morrem no período perinatal, em geral por insuficiência respiratória. Os casos menos graves sobrevivem e apresentam rins palpáveis bilateralmente, hipertensão arterial, déficit de concentração urinária, acidose metabólica decorrente de um defeito de acidificação distal, e insuficiência renal progressiva. O Rafael tinha hipertensão, acidose, rins palpáveis e insuficiência renal. A insuficiência renal dele não era ainda grave de modo a necessitar de um transplante. Contudo, para tentar melhorar a parte respiratória, foi necessário retirar os rins, razão pela qual, progrediu para diálise e futuro transplante.

O acometimento hepático é bastante variável, podendo ser assintomático ou apresentar evolução para hipertensão portal. O fígado do Rafael ainda não tinha sido acometido pela doença, mas o nefrologista nos informou que ainda teria fibrose, já que é uma característica da doença. Assim, futuramente, seria necessário um transplante de fígado também.

4 comentários:

  1. Oi,
    Meu nome é Elizabeth, meu primeiro filho se chamava Miguel, na gravidez dele, com 20 semanas de gestação, eu estava sem liquido amniotico e fui internada. E foi diagnosticado com rins policisticos autossômico recessivo, com 28 semanas de gestação. Não fiz enxoval, não fiz nada, ele nasceu com 36 semanas de cesárea e só viveu 17 horas, vindo a óbito dia 17/02/12. Comecei a fazer acompanhamento genético e foi detectado no exame de DNA, que eu e meu esposo tinhamos uma mutação genética no gene PKHD1( ele no exon 32 e eu no exon 35), e com isso, para cada gravidez, um risco de 25% do bebê nascer com este problema.
    Mesmo com todo o medo, sofrimento e risco, a minha vontade de ser mãe foi maior; tive coragem e engravidei novamente, fiz acompanhamento genético, fiz biópsia de vilo corial com analise de DNA para saber se o bebê era portador da mutação genética e quando veio o resultado, minha filha só tinha herdado a mutação do gene do pai e neste caso, estava livre da doença e pudemos confirmar na ultrasson morfológica que os rins da Maria Flor estavam perfeitos. Que alegria! Tive uma menininha linda, a razão do meu viver, nasceu 11/10/2013.
    Como já tenho 36 anos, decidimos engravidar novamente para poder fechar a fábrica, tive a mesma coragem e a certeza de que iria dar certo pois deu certo com a Flor, e fiquei grávida novamente.
    Fiz a biópsia de vilo corial com 13 semanas de gestação e o resultado do exame de DNA veio como uma bomba: o bebê herdou a mutação genética do pai e a minha. Fiquei desesperada já estava com 17 semanas quando saiu o resultado, porém, o laboratório me informou que houve contaminação da amostra de vilo corial com o sangue materno e por isso, para confirmar o status de portador do feto, eles pediram a contraprova do exame.
    Fiquei animada, pois surgiu uma esperança de que o bebê não tinha a doença e para comprovar, fiz uma amniocentese com 18 semanas de gestação. o resultado ficou pronto dia 04/09/2015 e infelizmente, a minha filha tem a doença, estou desesperada, pois já vi esse filme ainda sofro até hoje a perda do meu Miguel e agora sinto minha Mirella chutando como nunca se comunicando comigo e só consigo chorar.
    Tô fazendo acompanhamento no Instituto Fernandes Figueira, no caso de incompatibilidade total com a vida,para tentar conseguir na justiça uma autorização para interrupção da gravidez, pois não tenho condições psicológicas de levar a gravidez até os nove meses. Como já estou com cinco meses de gestação e o trâmite na justiça não é rápido, acho que quando sair o parecer do juiz, já vou estar com seis meses e pode ser que o juiz não autorize a interrupção aí neste caso, vou ter que aguardar nos nove meses.Fiz uma morfologica dia 23/09 e deu que os rins do bebe estão displásicos. Agora vou fazer a ressonância magnetica fetal dia 01/10/15 e este é o último exame.
    Estou passando por um momento muito difícil, acredito que Deus sabe de todas as coisas, que Ele permite que passemos por determinados problemas para que possamos ter estrutura.Não me arrependo de ter tentado de novo, tive fé, mas fico triste pq se fosse da vontade de Deus a minha Mirella estaria bem, pois Deus me deu a Maria Flor. Só me sinto culpada de ter tentado ter mais um bebê, mas não me arrependo, pois acho que temos que ter coragem para superar as dificuldades e Deus sabe o fardo que dá para cada um.
    Desta vez vou fazer laqueadura, depois, futuramente pretendo adotar uma criança, e se eu não conseguir adotar; se for da vontade de Deus vou fazer uma fertilização com diagnóstico genético pré implantacional, mesmo sem condições financeiras para isso, pois como tenho plano de saúde, posso acionar o plano judicialmente, pois isso é um caso de saúde.
    Estou muito triste, choro todos os dias, pois não posso fazer nada, só aguardar. A minha força vem de Deus e da minha filha, que precisa de mim e sempre me alegra com o seu sorriso.

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    1. Elizabeth, me perdoe. Só hoje vi seu comentário. Não sei porque não apareceu aqui. Que linda sua história. Miguel é seu anjo e tenho certeza que as poucas horas que viveu entre nós foram suficientes para te encher de amor. Deus te abençoou com a Maria Flor, seu grande milagre. Fico feliz com a notícia é espero poder ser agraciada também. Me dê notícias da Mirella, conseguiu autorização judicial?? Como você está? Fique com Deus.

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  2. Olá Luana.
    Pesquisando sobre a doença encontrei seu blog.
    Além do gene recessivo, você ou seu marido tinham a doença renal policística dominante, ou ambos tinham os rins saudáveis?

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    1. OI De.. Tinha abandonado aqui e só hoje vi seu comentário. Voltei a postar minha história. Nós temos a forma recessiva da doença, a dominante não. Então nós somos saudáveis temos rins saudáveis, mas temos o gene que se transmitido por ambos para um filho gera um filho doente.. Você tem a doença?

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